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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Reflexões para Fevereiro: O TEMPO DA FLOR : Lélio Costa e Silva


Diante de um jardim converso com uma grande amiga admirando juntos a beleza das flores. Ela planeja o futuro e o jardim. Plantas e família. Quer o bem de todos. Mas, se preocupa com aquela roseira sem flores. “Cresceu demais e está no caminho dificultando a passagem, vou ter que mudá-la de lugar,” diz.
Retiramos-nos, cada um imaginando 2011 e o que vem por aí. O que será que a roseira ficou pensando?
Todos somos sensíveis ao que é natural. Porque nascemos de um plantio. E as plantas? Têm sentimento? Nosso amor pelas plantas e animais é recíproco?
Podem os bichos e as plantas ensinar virtudes e valores? Por que as cobras são tão prudentes a ponto de terem essa sua virtude citada até na Bíblia? E as onças tão corajosas? E os lobos, misericordiosos? E a humildade das árvores, que doam a vida, o alimento, a sombra e o frescor em silêncio?
Cientificamente já está comprovado que as plantas reagem a estímulos externos. E a estímulos mentais diante de palavras proferidas com afeto?
Penso apenas que elas são seres vivos que estão aqui no Planeta. Não apenas por nossa causa, mesmo sabendo que delas depende a nossa vida. Há uma lógica maior. Entre tantas lições a que mais me causa admiração em contemplar as plantas é o seu silêncio altruísta. Estão ali por que estão. Simplesmente. Não invertem estações.
Um ipê mora em frente à sala onde trabalho. Para buscar a luz ele se dobrou e virou um “pau que nasceu torto”. Vejo nisto outra lição. Aprendi que devemos nos dobrar e adaptar de acordo com o meio onde vivemos. Sempre em busca da Luz. Elegi-o como meu conselheiro. Quanto o stress e a dúvida aparecem, busco o ipê. E ele morfologicamente me responde dizendo: “ontem estava florido, hoje estou coberto de vagens com sementes aladas, daqui a algum tempo terei folhas. Verdes, verdejantes, disponíveis. Tudo a seu tempo. “A natureza não dá saltos”.
Então acalmo meu imediatismo e percebo que o ambiente natural não é apenas um pano de fundo em nossas vidas, nem coadjuvante. Animais e plantas não preocupam se têm compromisso ou um valor prático. Estão a mercê de um plano Maior.
Ângelus Silesius (1624-1676) Polônia disse:
"A rosa não tem porquê. Floresce porque floresce. Não cuida de si mesma. Nem pergunta se alguém a vê...".
Mas, afinal o que aconteceu com aquela roseira?
Dois dias depois amanheceu coberta de botões e até hoje se mantém florida como que estivesse repetindo a frase acima.
Daquele jardim não sairá mais, com ou sem rosas. Até que se cumpra o seu tempo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL E UM 2011 CHEIO DE REALIZAÇÕES!


UMA ANTA LHE DESEJA UM FELIZ NATAL

Lélio Costa e Silva

Nesses tempos atuais muito nos inquieta a idéia de como os animais ainda estão à mercê do preconceito, do descaso, da irresponsabilidade e ignorância humanas.
É comum ainda ouvirmos xingamentos usando os animais como adjetivos. E a palavra “anta” tem sido usada equivocadamente para designar as pessoas desprovidas de inteligência. Tanto estranhamento nos assusta. Se algum dia você se perder em uma mata e se deparar com uma anta, basta segui-la. Toda anta anda em trilhas a procura de água - coisa de bicho inteligente. Quer dizer: de sede você certamente não morrerá, graças a inteligência do animal.
Como médico-veterinário tenho tido o privilégio de trabalhar com animais silvestres há um bom tempo e a exercitar com eles a minha educação interior. Desde criança aprendi a lutar contra rótulos, preconceitos e equívocos em relação aos animais e plantas. “Naturalista”? “Tecnicista”? “Radical”? “Catastrófico”? “New age”? “Conformista”? Não sei onde me enquadro.
Deixar de considerar os demais seres vivos como meros coadjuvantes em minha trajetória tem sido um desafio. Lidar com animais nos faz exercitar a educação da sensibilidade, o reaprender a olhar e a redefinição dos valores. Não me preocupo se deve haver sempre uma razão prática e lógica para preservar a Natureza. Sou apenas mais um que dela faz parte.
Mas esta é uma história de Natal. De anta.
Conta uma lenda que a anta foi feita com partes de outros animais, o formato de um porco, os pés de rinoceronte, os cascos de boi, o focinho como uma pequena tromba e os olhos estrábicos acesos, mas mesmo com tantos atributos não conseguiu chegar a tempo para presenciar o Nascimento.
Já lhes digo o motivo: é que ela estava em uma trilha à procura de um presente especial para o Filho de Deus. Não era a mirra, nem o incenso, nem o ouro. Outros já haviam tido essa idéia. Quis ser mais original: encontrar um riacho de águas limpas e levar o recém-nascido para o primeiro banho como todas as antas fazem quando nascem os seus filhotes. E caso a criança necessitasse de leite ela ofereceria o seu para Nossa Senhora amamentar o Filho. Por isso, andou, andou, andou. Sabia que não tinha muito tempo. De longe observou uma estrela diferente no céu. Distraiu-se tanto com aquele brilho que não viu a hora passar. Já era madrugada quando encontrou uma lagoa de águas cristalinas que refletiam a claridade daquela noite especial. Mas estava tão cansada que dormiu.
Assim, quando Jesus nasceu Ele teve a companhia dos animais domésticos como o burro, a vaca e o primoroso canto do galo, como todos o sabem. Mas Deus quando viu seu Filho sendo recepcionado pelos animais e pastores com tanto carinho reconheceu o esforço da anta. Convidou-a para subir ao firmamento e a transformou na Via Láctea juntando um número incalculável de estrelas. Daquela noite em diante apareceu “um caminho de leite no céu”, como diziam os gregos. Ou Tapiirapé segundo os povos indígenas brasileiros.
Bem, inventei essa história só para lhes contar que recentemente tive o privilégio de acompanhar o parto de uma anta. Foi quando pude perceber que o casal de antas havia recebido seu filhote neste quase natal de 2010 “embrulhado para presente”. Coisas de Deus e sua natureza. Por isso considero que das mil maneiras de sermos pai e mãe, a ventura é uma só, de bichos e gente. Sublime aquiescência divina. Neste dezembro desejo que você encontre uma via láctea de felicidade em seu caminho. Este é o meu sonho e o de todas as antas.
Feliz Natal!