segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Reflexão para Novembro:A RELIGIOSIDADE DOS BICHOS E PLANTAS - Lélio Costa e Silva

Enquanto isso em um zoológico: “Moço esse bicho não merece viver. Ele tem parte com o ‘demo’, isso não é criação de Deus”... disse uma mulher ao ver as cobras jiboias tomando um banho de sol.


Vede os peixes que são Cristos em grego. Submergem nas águas poluídas e nada bentas, muito menos fluidificadas, crucificados pelos detritos da intemperança. Mesmo assim tentam ressurgir buscando a água da Vida.
A igreja dos convidados da manjedoura não tem paramentos, nem apelos de fugaz emoção. Basta o silêncio do jumento, da ovelha, da vaca, diante da Presença. Balidos, urros, coices e mordidas da intolerância ficam para o cotidiano das pastagens.
As bíblicas serpentes prudentes jejuam e meditam quietas a despeito da interpretação literal da maldição . Não conhecem a palavra obscurantismo, porque na cadeia alimentar a lei é de causa e efeito , sem espaço para a discriminação.
Observe uma borboleta - a experiência mística da lagarta dispensa incensos, fragrâncias e bálsamos. Do amor em metamorfose nasce a beleza.
O verde existe para ser “kath holikos” sem sectarismos, pois sua vocação é pela universalidade do Todo. Se hoje as figueiras permanecem secas é porque ainda sobrevive a infecundidade espiritual. Agride-se o ambiente pela ignorância daquilo que um dia foi sagrado.
E o sal da Terra nunca será vendido em pentescostais ofertas, pois quando sai do mar da fraternidade, deixa de ser alimento, torna-se insípido.
Hoje, queimaram mais três parques nacionais, bruxas heréticas do século vinte e um. A flora erótica teve que abdicar da sua sensualidade declarando não existir mais a fotossíntese.
Queres ouvir o Cântico dos Cânticos ? Abre a tua janela , teus ouvidos e o coração. Ele acontece toda manhã, quando a passarada anuncia o alvorecer.
Vede os pombos, os morcegos e os pardais. Todos habitam igualmente, sinagogas, igrejas, santuários, casas de oração, mesquitas sobrevoando dogmas e preconceitos.
Olhando somente as uvas? Visando oferecer o melhor vinho a todos? Os ramos da videira serão sempre de um mesmo tronco.
Ofertando o pão da boa nova?
Se todos nos consideramos trigos por que enxergamos somente o joio?
Um só pastor , um só rebanho, na diversidade da vida, a unicidade do Criador .
Um mesmo sol, uma mesma lua...
A natureza é ecumênica.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL VALLOUREC & MANNESMANN FLORESTAL

A Arvore da Vida S/C Ltda. Consultoria e Elaboração de Projetos Educativos foi convidada a apresentar à Empresa Vallourec &Mannesmann Florestal Ltda., uma proposta para a elaboração de um projeto pedagógico de educação ambiental em suas áreas de Minas Gerais. O projeto e seu respectivo plano de ação serão elaborados de forma a atender às especificações do Termo de Referência aprovado através da DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 110, de 18 de julho de 2007.



Equipe Árvore da Vida S/C nesse projeto.
Mário L.Bauer, Lélio C. Silva, Nelson Campos e Jerry Lopes

FOTOS DO PROJETO SEMENTEIRA MODULO II ALCOBAÇA E CARAVELAS











Trabalhamos a EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Ecologia Humana, Biodiversidade e Cidadania

PROJETO SEMENTEIRA ALCOBAÇA E CARAVELAS BA MODULO II 2009

No mês de Setembro estivemos nas cidades de Alcobaça e Caravelas no estado da Bahia
aonde aconteceu o modulo II do projeto Sementeira.
Aonde foram tratados assuntos referente a Educação Ambiental : Ecologia Humana, Biodiversidade e Cidadania.

FOTOS DO PROJETO SEMENTEIRA EMBU MODULO V











Trabalhamos com dinâmicas, músicas, contos desenhados, sensibilização e tratamos de assuntos de higiene com palestra sobre Verminoses.

PROJETO SEMENTEIRA EMBU DAS ARTES MODULO V

No mês de agosto estivemos novamente em Embu das Artes - São Paulo
para dar continuidade ao projeto Sementeira, aonde aconteceu o modulo V,
(interrompido por causa de festividades no Parque Rizzo) cujos temas tratados
foram EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Saúde, Biodiversidade e Cidadania
com o objetivo especificos:
  • Discutir as questões da saúde, biodiversidade e cidadania no contexto da transdisciplinaridade ;
  • Discutir e realizar novas práticas de sensibilização e instrumentação no contexto da educação ambiental;
  • Realizar oficinas contextualizadas com o cotidiano escolar;
    Promover a continuidade dos grupos de reedição do projeto Sementeira.

Reflexão para Outubro: OVOS E LARANJAS - Lélio Costa e Silva

Com tanta fome, aquele homem comprou de uma só vez, seis laranjas, de um vendedor na porta do zoológico. Imaginou que poderia sorver o caldo delicioso e depois comer o bagaço de todas elas. No entanto, de posse das seis laranjas, preocupou-se apenas em chupá-las rapidamente. Os bagaços esquecidos foram despudoradamente jogados ao chão. Absorto em seu passeio, chegou a tropeçar nas lixeiras ignoradas.
Livre, diante do recinto dos macacos-prego, arrotou retumbantemente, tentando chamar a atenção daquele grupo de primatas em cativeiro. Ninguém lhe deu importância. Num canto, uma velha macaca preparava-se para a sua refeição da tarde. Coincidentemente tinha recebido do tratador, seis ovos de codorna, fato que chamou a atenção do visitante. Teve início então o ritual alimentício da macaca. Com os ovos devidamente protegidos pela cauda semipreênsil, pacientemente, ela começou a bater o primeiro ovo suavemente contra o chão, com todo o cuidado. Cautelosa, arrancou com delicadeza alguns pedacinhos da casca, bebendo a clara e a gema como um “ manjar dos deuses ”. Após alimentar-se do conteúdo do primeiro ovo retirou pequenos pedaços da casca, lambendo-os um a um, aproveitando tudo. Somente depois de certificar-se que nada mais havia, é que passou para o ovo seguinte e assim, sucessivamente.
Intrigado, o homem insistia em chamar a atenção dos macacos. Impedido pela cerca, fazia caretas, pulava e abria os braços esboçando gestos caricaturais. Assobiava, batia palmas, gritava, cuspia e atirava objetos no viveiro. Sem sucesso.
E o tempo passou. Ovo por ovo, casquinha por casquinha, meia dúzia. Plena e satisfeita a velha macaca, por um fugaz momento, fitou aquele homem exaltado e ofegante. Indagando-se mutuamente, olhos de macaca e olhos de homem, por um segundo se cruzaram. E foi só.
De costas viradas para o estardalhaço, a velha macaca procurou um galho seco e se abrigou em seu cativeiro. Dormiu.
Anoiteceu. De repente, em meio ao desapontamento pela perda da “ guerra psicológica ”, o livre homem sentiu fome. E se lembrou dos bagaços de laranja que havia desprezado.

Reflexão para Setembro: A HIERARQUIA DAS GALINHAS E O PODER - Lélio Costa e Silva

O que faz o poder demonstrar o lado “sombra” que existe em nós, fazendo emergir a tirania? O que permite a um temporário detentor do poder tornar-se uma pessoa diferente das demais?
O estudo da conduta animal pode ser um exemplo para reflexões e analogias em nosso cotidiano. Assim, a inverossímil observação da hierarquia - ordem ou subordinação de poderes, em um galinheiro pode nos revelar aspectos interessantes e esclarecedores nesse parentesco entre o ser humano e os bichos. Desde algumas décadas cientistas (etólogos) noruegueses e norte-americanos descreveram como ocorre a luta pelo poder entre as galinhas e também entre os galos, baseada numa “ dupla hierarquia de bicadas”. A galinha mais corajosa, mais forte e mais agressiva é considerada a líder pelo resto do grupo. Na hora de dormir, a posição das galinhas num poleiro revela quem é a “chefe”, chamada “número 1” e as demais subalternas. A “chefe” escolhe o lugar mais alto e protegido e ao lado, ou logo abaixo a galinha número 2, a 3 , a 4 e assim por diante. Existem também aquelas que nem podem subir no poleiro e são essas que apresentam mais visivelmente falhas na plumagem provenientes de bicadas das mais poderosas, numa evidente postura de submissão.
Entre os galos, que geralmente não bicam as galinhas, a hierarquia consiste resumidamente em um macho senhor e dono do galinheiro fazer dos demais machos se sentirem “galinhas”.
As galinhas de posição mais elevada são também privilegiadas na hora de dormir e comer e as inferiores só terão esse direito quando as poderosas se refestelarem. Ou então acordar bem mais cedo para comer escondido. É sabido também que as “chefes” além de acordar tarde são menos eficientes no interesse sexual, mesmo cercadas de privilégios e imunidades. Regras regulamentam o comportamento diante da sua presença : as galinhas subalternas afastam-se humildemente para lhe abrir caminho. Outras observações científicas indicam que quanto mais alta a posição social de uma galinha, menor a predisposição em se entregar ao galo, ao contrário das galinhas ditas “inferiores”, bem mais solícitas ao primeiro chamado do rei do galinheiro.
Bem, para esclarecer se toda essa história não passa de uma ficção a solução é visitar e observar pacientemente um galinheiro...
Mas, sobre o poder vale ainda refletir sobre alguns pensamentos :
“Os principais desejos do homem são os de poder e de glória.” Bertrand Russel
“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova, o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Abraham Lincoln
“O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim. “Rubem Alves
“É possível exercer o poder de maneira “empresarialmente eficaz, psicologicamente curativa e pessoalmente gratificante”. James Hillman

Outras informações sobre a hierarquia das galinhas :

· Da mesma forma que para comer, as galinhas bebem uma após a outra , numa ordem rigorosa : A galinha 1 bebe primeiro e as demais esperam.A galinha 2 fica mais próxima do bebedouro e as galinhas 3 e 4 nem podem se aproximar até que 1 e 2 tenham terminado de beber.

· Na hora de dormir :
A galinha 1 escolhe o lugar mais protegido num canto. Ao seu lado vem a galinha 2, depois a 3 e na extremidade mais fria do mesmo poleiro a galinha 4. A 5 só pode ficar no andar debaixo das quatro primeiras . As falhas na plumagem indicam a intensidade das bicadas. Quanto mais depenadas, mais subalternas na escala hierárquica elas se encontram.

· Após um certo tempo de hierarquia estabelecida, cessam as bicadas : basta apenas um “olhar” da galinha superior para que as outras se curvem ou afastem-se.

· Se uma galinha for retirada do galinheiro por duas semanas, ela perderá seu “ posto” e terá que lutar para reconquistá-lo.

· Uma galinha recém-chegada num galinheiro terá que ser extraordinariamente agressiva para conquistar algum posto.

· Quando as galinhas de dois galinheiros se misturam o resultado é aterrorizador: penas para todos os lados e parada da postura de ovos e uma batalha feroz.
· Na hora de comer: as galinhas “ inferiores” não tem o direito de nem “ ciscar” no terreno enquanto as superiores estiverem comendo.

· Se as inferiores quiserem comer mais despreocupadas sem o risco de novas bicadas elas devem levantar cedinho, ainda escuro, enquanto as superiores dormem despreocupadamente.

· As galinhas privilegiadas “ pavoneiam-se” com a cabeça bem erguida, e passam com a plumagem bem eriçada ao lado das “ párias” , que , abaixando a cabeça, afastam-se submissas para lhes abrir caminho.

· As galinhas da “classe inferior” necessitam de mais tempo para atingir a maturidade sexual.

· As galinhas “párias” ao verem um galo deitam-se sobre o ventre e abrem as asas num convite ao acasalamento,sempre disponíveis a um mínimo chamado do galo. Já as superiores quanto maior a hierarquia menor a disposição para se entregarem a um galo.

· Plumagem da galinha chefe :mais reluzente e bem cuidada.Plumagem das inferiores : sem brilho e cheia de falhas.